segunda-feira, 14 de junho de 2010

As primeiras do exílio.

Sem Mar

Quando o cigarro demora a acabar
e o tempo já não corre como antes
a carne procura um ar menos denso
menos úmido, talvez menos seco.

Quando o corpo vacila em outros
Desejos surgem pela ausência
O mar que não está.
A casa refúgio do que paraliza
Mas, e a imensão?

Aborvo o que sobra como algo além
o que sobra, sobra.
E a dose consolo só consola.

Armários, coisas ainda em caixas.
Corpos inertes de um passado semi-vivo
lembretes do que não quero esquercer

Sempre existe o risco.

Vacilo delirando entre o tédio e a fulga
Que dia foi ontem?
Meu corpo suspende a falta do ar que procuro
e descansa num súbito existir sem razão

Sem flores nos vazos mensagem constante
vida sem vida num lar sem ar.

Que o vento me tome, me leve. Me tenha.
Que a água me some, me faça e seja

Mar


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Deita ao meu lado e
com gosto vinho
me toma e me beija
declara falas benditas
atesta rumores
que eu suspeitava
diz o que quero ouvir
Enlaça minhas
em suas pernas
me prendendo
num sussuro
contido

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Sentada sob a copa rósea
da jambeira isolada
pernas abrem-se como flores

corpo e chão unem-se
num úmido desejo escarlate
mulher e flor
parindo um fim de tarde.

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2 comentários:

Felicidade Clandestina disse...

Achei você num comentário antigo de meu blog...


que coisa boa conhecer esse espaço.
muitas coisas para serem lida, sentidas.

beijos

Denise disse...

Leituras para a alma, não para os olhos. Como o outro, lindo blog. Beijos.